A prática da tradução pode ser entendida como um “laboratório da linguagem” a partir da corrente teórica da poesia concreta, da década de 1950, em que se buscava reinventar a linguagem e a poesia, procurando testá-las, modificá-las e experimentá-las de modos não convencionais, fugindo do tradicional e condenando o verso à “morte”. Como aparato teórico para a ideia do ato de traduzir como “laboratório da linguagem”, é possível citar o poema “lygia fingers”, de Augusto de Campos. Nele, o poeta concretista “brinca” com palavras, sons e elementos não linguísticos para dar origem a uma nova maneira de se fazer o uso da língua em termos poéticos. Nesse poema, é possível observar tanto o uso da linguagem quanto a estrutura desse gênero textual sendo utilizados de maneira diferente do convencional - ou seja, tais processos encontram-se em um “laboratório da linguagem” por estarem sofrendo experimentos e novas utilizações. Há uma certa ruptura da linearidade da linha, pois ela tem palavras em u...